Pensamento
As duas elites e o povo
Operários - Tarsila do Amaral |
Começa-se ouvir ao fundo, vozes dissonantes, corajosas e destemidas em meio a elite brasileira. Vozes que se diferenciam do coro pregado pela opressora elite, uma elite que fechou os olhos para não ver o novo cenário que esta sobre o seus pés, e tapou seus ouvidos para não ouvir o coro entoado pela população brasileira.
Estas vozes que podemos ouvir faz parte de uma minoritária parte da elite brasileira, com uma visão própria e panoramica sobre o novo Brasil que tem nascido aos seus pés. Uma elite que tirou os olhos de seus filhos, sua casa e sua descendência, e olhou para seus funcionários, seus alunos, seus empregados, seus vizinhos e a todos seus irmãos brasileiros. Essa minoritária parte da elite enxerga o Brasil não como mercadoria, como diz o teólogo Leonardo Boff, e sim como uma nação, uma nação de cinco regiões, vinte e sete estados, cento e noventa milhões de brasileiros, formado por diferentes culturas, étnias, religiões e classes sociais. E tem a humildade de ser conduzida pelo povo, e a hombridade de reconhecer que os anseios do povo é justo e merecido. Anseios que são apenas o direito de igualdade em realizações e sonhos.
Na imperfeição da visão ou na forma como se quiz ver, foi anunciado que o povo estava sozinho, porém ao olhar fixamente e atentamente vê se que as vozes dissonantes já se concentravam ao lado do povo, se misturavam a eles, pois neste novo Brasil que está nascendo ficam-se cada vez mais próximos e parecidos. E é deste meio que vai nascer uma nova elite, mais humana e multicultural, tornando-se assim mais brasileira, pois ela se concentra-rá em todas as regiões, em todos os estados, e surgirá do meio de lavradores, do meio de lixeiros e carpinteiros, de dentro de favelas, vilarejos, aldeias e de matas. E não serão mais escolhidos pelo berço, pela cor, ou pelo nome, e sim pelo seus esforços, pela sua luta e por sua capacidade.
A carta de alforria está assinada, o povo hoje é livre para pensar por si próprio, ter a sua própria opinião e tirar a sua própria conclusão. E ter a certeza de que valeu a pena ter enfrentado gigantes, encarando impérios, e que mesmo com toda a sua fúria e deslealdade podem ter conseguido desperça-los, mais não o bastante para destrui-los e desuni-los. A esperança venceu o medo, o amor venceu o ódio, a verdade venceu a mentira, e o sonho venceu a desilusão.
Jeze Agner
2010
2010