PRIMEIRO VEIO O NOME, DEPOIS UMA TERRA CHAMADA BRASIL
Assim como a
Independência do Brasil foi um efeito colateral da Revolução Francesa, a
descoberta e conquista do Brasil pelos portugueses também teve um acontecimento
importante na Europa que de forma indireta acabou por ocasionar no inicio da
colonização do território brasileiro.
Com a conquista de Constantinopla pelos turcos-otomanos em 1493,
derrubando o Império Bizantino e dando inicio ao Império Otomano, forçou-se uma
aceleração na expansão marítima europeia em busca de uma nova rota as mercadorias
e principalmente especiarias do Oriente, devido às dificuldades impostas pelos muçulmanos que agora detinham o acesso as tradicionais rotas pelo mar
mediterrâneo e Constantinopla, ocasionando um aumento significativo nos preços
das especiarias que tanto eram consumidas pelos países europeus e não podiam
cultiva-las por causa do clima que era diferente do clima no oriente.
Principais expedições portuguesas |
Espanha e
Portugal foram pioneiros nessa expansão comercial marítima, que mesmo antes da
queda de Constantinopla já buscavam outras opções de acesso às especiarias
orientais buscando quebrar a hegemonia de comerciantes e navegantes venezianos
e genoveses. Enquanto os espanhóis sob o comando de Cristóvão Colombo
acreditavam que o acesso marítimo as índias orientais se dariam circundando o
planeta, os portugueses acreditavam serem capazes de alcançar ao circundarem o litoral
africano, os portugueses estavam certos e em 1488 sob o comando de Bartolomeu
Dias foram os primeiros a atravessar o cabo das tormentas, nomeado posteriormente
de Cabo da Boa Esperança, dez anos depois no ano 1498, sob o comando de Vasco
da Gama os portugueses finamente chegaram as Índias. Apesar dos espanhóis não terem
sucesso na empreitada de chegar as Índias ao navegarem sentido Caribe, a
conquista de territórios americanos em 1492, ocasionou uma nova rota em busca
do novo mundo.
Com a expansão
marítima dos espanhóis em sentido ao Novo Mundo e os portugueses ao hemisfério
sul, surgiu à necessidade de legitimar a posse de cada lugar descoberto e os
lugares a se descobrir, Portugal e Espanha que já haviam feito acordos nesse
sentido, ratificaram mais um, designando conquistas no hemisfério norte aos
espanhóis e no hemisfério sul aos portugueses, tendo como linha divisória a
região das canarias. Outros acordos foram feitos ate que o principal deles foi
ratificado em 1492, sendo o Tratado das Tordesilhas, que dividia basicamente em
dois reinos tudo o que havia sido descoberto e tudo a se descobrir. Evidente
que esse acordo não agradou aos excluídos da clausula de partilha, inclusive
foi do Rei da França que surgiu a famosa frase: “Gostaria de ver a cláusula do
testamento de Adão que me afastou da partilha do mundo”.
Pouco tempo
depois do tratado das Tordesilhas, no ano de 1497, o Reino de Portugal alcançou
ás Índias Orientais circundando o continente africano sob o comando de Vasco da
Gama, essa conquista trouxe a Portugal ótimo dividendos que continuou
investindo em expedições marítimas que apesar de ser uma atividade privada,
obtinha financiamento, supervisão e incentivo da coroa portuguesa. Em 9 de
março 1500, uma grande expedição partiu de Tejo rumo ás desconhecidas posses
portuguesas traçadas pelo tratado das Tordesilhas, oficialmente estavam á
caminho das Índias, e sob o comando de Pedro Alvares Cabral uma armada com 13
navios seguiu sentido arquipélago de Cabo Verde, colônia portuguesa no oeste da
África, de lá seguiu sentido leste, até avistar terra no dia 22 de abril, de
onde avistaram um enorme monte, nomeado de monte Pascoal e deram nome as terras
de Terra de Santa Cruz, hoje atual Bahia.
Pero Vaz de
Caminha, escrivão de Cabral, fez um completo relato de como foi essa
descoberta, inclusive como foi o primeiro contato dos portugueses com os
nativos americanos. Surpreso, escreve que andavam nus, pacíficos, de peles
vermelhas e cabelos lisos. Descreve também sobre o primeiro contato, onde
Nicolau Coelho cordialmente trocou utensílios com os nativos.
Dessa forma a
História do Brasil Colônia inicia-se, interligado as conquistas islâmicas sobre
o império bizantino, a paixão europeia pelas especiarias orientais e a disputa
entre coroas europeias pela hegemonia marítima. E nesse período de expansão marítima,
a Coroa portuguesa descobriu o território onde hoje conhecemos como Brasil,
para manter esse território sore seus domínios, foi uma tarefa árdua e
articulosa, Portugal precisava ocupar seu território conquistado para afastar corsários
franceses e outros interessados nessa terra, que não estavam muito interessados
em respeitar o tal tratado entre portugueses e espanhóis.
Junto com os portugueses,
foi trazido a fé católica, que era algo indissociável da Coroa Portuguesa, pois era a própria igreja
quem legitimava todas as posses da monarquia e os tratados que eram feitos. A
igreja católica passou a catequisar indígenas e com a vinda dos católicos jesuítas
esse trabalho de catequização e introdução a fé ocidental aos povos nativos foi
ainda mais acentuada. Os jesuítas passaram a fazer um trabalho também humanitário
sobre os povos nativos, protegendo e abrigando os índios de portugueses que
precisavam da mão-de-obra escrava deles para a extração da abundante madeira da
arvore nativa pau-brasil. E esse conflito com os jesuítas ocasionou mais tarde
a expulsão e confisco de todos os bens dos jesuítas no Brasil, que nesse
momento haviam construído um patrimônio considerável.
A extração da
madeira foi uma forma encontrada por Portugal de colonizar á terra, que até então
apesar de terem encontrado esparsas pedras preciosas com os nativos e no
litoral, estavam mais preocupados em intensificar o comercio no Oriente de onde
estavam fazendo vultosos lucros em cada expedição marítima, colonizar as terras
do novo mundo eram segunda opção.
Enquanto isso os
franceses se mostravam muito interessados na América portuguesa e encontraram
nos nativos ameríndios tupinambás seus maiores aliados para as investidas no território.
Os interesses portugueses estavam prioritariamente
na colonização de suas terras, diferente
dos franceses que talvez por não ser dono das terras estavam mais interessados sobre
uma reflexão dos nativos e foi através dos franceses que se procurou designar
com diferenciação entre canibalismo e antropofagia, um assunto que assustava os
europeus naquela época, levando a entendimentos diversos sobre esse povo recém
descoberto, onde diversos acreditavam que eram animais sem alma, formados de matéria
morta em decomposição, etc., e portanto podiam serem escravizados.
Para
aumentar o interesse dos portugueses pela colonização no Brasil e não deixar
suas terras serem colonizadas por outros povos, Portugal deu inicio a um
sistema administrativo chamado de capitanias hereditárias, onde as terras foram
distribuídas para uso comercial e hereditário por portugueses interessados e
com capital para investir nas terras, porem, devido ao baixo interesse
comercial, o sistema não deu muito certo e não durou nem mesmo duas décadas.
Portugueses,
franceses, holandeses, jesuítas, tupinambás, guaranis, macro-jês, etc., o
encontro entre nativos e europeus estavam apenas no inicio, era o inicio de meio
milênio de historia de interação entre os povos do Novo e Velho Mundo, um
encontro que provou ter sido apenas bom para um lado, se mostrando conquista
para alguns e genocídio para outros. E devido
à resistência e dificuldade dos nativos em ser escravizados e explorados, principalmente
outro povo irá contribuir com a formação e construção dessa Historia do Brasil,
são os povos africanos, que sofreram um dos atos mais desumanos e vergonhosos
da Historia da humanidade, a escravidão.
Esse é o resumo do primeiro capitulo Primeiro veio o nome, depois uma terra chamada Brasil da leitura do magnifico livro Brasil: Uma Biografia de Heloisa
Maria Murgel Starling e Lilia Schwarcz. Uma leitura imprescindível para
entender melhor a formação de nossa história.
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Alfredo Roque Gameiro (1864-1935), A frota de Cabral ao sair do Tejo, 1921, Ilustração. |
Essa desenho é uma ilustração do artista portugûes Roque Gameiro para o livro História da Colonização Portuguesa do Brasil, publicada no Porto, entre 1921 e 1924, no âmbito das comemorações pelo primeiro centenário da Independência do Brasil, uma obra em três volumes do qual ele foi o responsável pela ilustração. Roque Gameiro foi um pintor e desenhista multipremiado e suas obras hoje se encontram em diversos países. A tela reproduz o momento inicial da expedição de Cabral que culminou com o descobrimento do Brasil.
FONTE:
Outras ilustrações do autor nessa mesma obra:
http://tribop.pt/ARG/Coloniza%E7%E3o/3v-TP00%20Coloniza%E7%E3oPB.html
http://tribop.pt/TPd/01/70/Hist%C3%B3ria%20da%20Coloniza%C3%A7%C3%A3o%20Portuguesa%20do%20Brasil
Página original do livro:
http://tribop.pt/Imprensa/1921-1930/1928-04-00%20-%20Revista%20Maritma%20Brazileira%20p168%20-%20A%20frota%20de%20Cabral%20ao%20sair%20do%20Tejo%20-%20HD.JPG
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