A OBSESSÃO PELO PENSAMENTO ÚNICO
Uma estranha e perigosa obsessão tem perseguido às diversas pessoas e
povos. É a ideia fixa de se instituir o pensamento único em toda humanidade.
São inúmeros os motivos encontrados para tentar convencer os outros a viverem
igual sua crença ou ideologia, e esse convencimento acontece de forma pacífica
ou mortífera, livre ou obrigatória, variando de qual grau de poder e
radicalismo envolve o grupo ou pessoa que está tentando impor seu pensamento.
O momento mais dramático da tentativa de fazer valer uma ideia a
qualquer custo é quando essa tentativa ocorre por alguém ou grupo que obtém
poder com a disposição de homens e armas. Nesse estágio, geralmente o
pensamento da maioria prevalece sobre a minoria de forma forçada e brutal, onde
são feitas tentativas de liquidar, enfraquecer ou oprimir uma crença, povo,
ideologia ou classe social. Mas, existem também casos de uma minoria poderosa
prevalecendo sobre uma maioria.
Muitos avanços ocorreram na nossa civilização, descobertas tornaram o
mundo pequeno e aproximaram pessoas, mas, essa obsessão parece não ter data
para acabar. Mesmo com reuniões, tratados e concílios sendo feitos efusivamente
entre níveis globais e regionais por líderes políticos, religiosos e civis,
porém, ao final de cada encontro concluísse que medidas precisam ser tomadas,
mas até aí, o pensamento da maioria ou poderosa minoria tenta decidir os rumos,
voltando todos mais divididos ainda.
Ao longo de alguns milênios muitos perderam suas vidas atacando ou defendendo
suas ideias, será necessário mais quantos séculos e quantas mortes para
compreender que os pensamentos distintos podem se complementares e os
opositores buscarem avanços e modernizar uma concepção?
Com uma população no mínimo cem vezes menor não foram capazes de igualar
um pensamento, que motivos têm para pensar que irão conseguir hoje?
O mundo avança e às vezes deixa a impressão de que aprendeu a respeitar
as diferenças, mas inesperadamente o radicalismo ressurge e deflora com força
no povo, trazendo junto um ódio mortal tomando conta novamente das pessoas, e
isso ocorre até mesmo nas mais sofridas e perseguidas sociedades de outrora.
Parece que só um prenúncio de uma eminente catástrofe irá fazer a humanidade
perceber que elas vivem em sociedade e estão em um único barco, com o mesmo
destino traçado, mas daí pode ser tarde. Teremos nos destruídos.
Escrevi esse texto em Janeiro de 2015. Encontrei recentemente em meus arquivos pessoais.
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Otto Griebel (1895-1972), L’Internationale, 1928, huile sur toile, 129 x 189 cm, Deutsches Historisches Museum, Berlin |
Esta tela foi pintada, em 1930, pelo artista alemão Otto Griebel. Membro do Partido Comunista (KPD), Griebel inspirou-se na política social e internacionalista propagada pela organização a que aderira em 1919. Foi soldado durante a Grande Guerra e esse tema também está presente na sua obra pictórica. Em 1933, quando Hitler alcançou o poder na Alemanha, a sua obra -então enquadrada na escola Nova Objectividade, também chamada Arte Revolucionária do Proletariado- desagradou obviamente, que perseguiu (e prendeu) o artista e etiquetou os seus trabalhos como pertencendo à Arte Degenerada. As suas telas foram, então, encafuadas num armazém inacessível ao público e desapareceram, quase todas, durante o terrível bombardeamento aéreo da cidade de Dresden pelos britânicos. O artista sobreviveu ao nazismo e à 2ª Guerra Mundial e escolheu viver na hoje extinta República Democrática Alemã, vulgo Alemanha de Leste.
FONTE: http://invitaminerva45.blogspot.com/2015/08/lembrando-otto-griebel.html
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