SAUDADE CRÔNICA

Fotografia: Jeze Vilela
Aqueles que trabalham viajando, na estrada e longe de casa, em viagens que duram dias, semanas ou meses, sentir saudades torna-se um hábito. É ter que estar preparado para de repente e a qualquer momento, sentir saudades. É uma saudade crônica, nunca passa, a pessoa viaja já sentindo saudades.

Como os pássaros e demais animais que migram de um lugar a outro, às vezes atravessando continentes inteiros em viagens cansativas em busca da sobrevivência, sua e dos seus, lugares longínquos, atravessar lugares inóspitos, descansar em cantos hostis, às vezes se maravilhar com a beleza do percurso e do destino, mas nem mesmo isso os impedem de regressarem.

E não há momento mais feliz que o retorno.

Quanto mais dias distantes, maior a saudade, tornando-se uma dor aguda sentida no peito, percebida nos gestos, na voz e no olhar, até as musicas que veem a cabeça são tristes e angustiantes, e por incrível que pareça, quando está perto de retornar, todos os sintomas aumentam em muitas vezes mais.

Fica uma sensação que nós animais e humanos temos também raízes, assim como as plantas, e são poucos os que podem e conseguem suportar muito tempo longe do seu lugar e das pessoas que amam, e pra mim que vivo e sinto tudo isso, eu só peço á Deus que nunca eu precise viver pra sempre longe, sem a chance de regressar.

Amanha, se Deus quiser, é o dia de voltar.


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“O Último Monarca das Américas Dom Pedro II partindo para o Exílio.”
Gravura de Jornal Americano de 1889. Acervo da North Wind Picture Archives.
"A possibilidade de rever a pátria seria quase uma ideia fixa nele. Voltaria - mas se o chamassem, era a condição que impunha."¹

¹Heitor Lyra. História de Dom Pedro II. Volume III: Declínio (1880-1891).

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